A importância da atuação do pediatra no atendimento especializado em Medicina de Adolescente

Estudos demonstram a melhora nos indicadores pediátricos em relação à morbimortalidade das doenças comuns nessa faixa etária nas últimas décadas. Os indicadores da saúde do adulto, das mulheres e dos idosos também têm melhorado muito. No entanto, os indicadores hebiátricos – relativos à saúde do adolescente – não apresentam os mesmos resultados. Quem explica sobre o tema é o médico Benito Lourenço, chefe da Unidade de Adolescentes do ICr-HCFMUSP e Assistente da Clínica de Adolescência do Santa Casa de São Paulo (Departamento de Pediatria da FCMSCSP).

Dr. Benito diz que os indicadores de saúde nos adolescentes não são bons: ou aumentaram (piora) ou estão estagnados ou reduzindo lentamente. “Consumo de drogas, violência, e problemas comportamentais contribuem muito com a piora dos índices de morbidade, mortalidade e incidência de doenças, principalmente DSTs, nessa faixa etária, de 10 a 20 anos”.

Outro dado preocupante é o índice de gravidez na adolescência em nosso país, que tem diminuído muito discretamente. O especialista conta que o Brasil está entre os 50 países com o maior número de adolescentes grávidas e alerta: “Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, se não trabalharmos efetivamente na prevenção, a América Latina e o Brasil, em dois anos, terá indicadores parecidos com os da África subsaariana”.

Esses dados reforçam a importância de haver dentro da atuação do pediatra a particularização do atendimento ao adolescente. “Atualmente, somos em torno de 34 mil pediatras titulados, sendo que apenas cerca de 300 são especialistas em adolescentes, concentrados, principalmente, na região sudeste”, diz Dr. Benito.

A Hebiatria não é uma área de atuação nova. Surgiu há pelo menos 30 anos. Portanto, já está fundamentada em estudos realizados nas últimas décadas. “Nossa intenção é formar pediatras que atendam adolescentes em uma perspectiva de atenção integral e específica às questões de saúde dessa faixa etária. Ou seja, que os pediatras estendam gradativamente a sua área de atuação também aos adolescentes”, disse Dr. Benito Lourenço, que também é coordenador do Curso de Especialização de Medicina do Adolescente, oferecido pelo CAEPP.

“Para o atendimento ao adolescente”, continua Dr. Benito, “é preciso respeitas alguns preceitos técnicos e conceitos bioéticos. É preciso adaptar, por exemplo, o formato de consulta. Isso porque o adolescente é um paciente que têm questões do mundo adulto e precisa se sentir em um ambiente confiável para se abrir com o médico e mesmo para buscar orientação. Para isso, o sigilo das informações é fundamental. Os país também precisam entender a importância da confiabilidade estabelecida entre o seu filho e o médico”.

Outro ponto muito importante na formação do especialista em medicina do adolescente diz respeito ao conhecimento de assuntos e tratamentos específicos de outras especialidades, como por exemplo, aspectos da ginecologia, psiquiatria/psicologia, dermatologia e outras. “Não seremos especialistas nessas áreas, mas com conhecimento o bastante para orientarmos nossos pacientes e, em casos específicos, encaminharmos, mas sempre com o nosso acompanhamento, mantendo o papel de gestor de cuidados”, explica.

Já estão abertas inscrições para uma nova turma do Curso de Especialização em Medicina do Adolescente do CAEPP, que terá início em 23 de fevereiro de 2018. Com 96 horas de duração, o Curso é realizado em parceria com o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e conta com oito módulos, ministrados mensalmente. Confira outras informações:

Curso de Especialização em Medicina do Adolescente

Coordenação: Dr. Benito Lourenço

Público-alvo: Médicos Pediatras e que atendem crianças e adolescentes.

Número de Vagas: 40

Período: de 23 de fevereiro de 2018 a 29 de setembro de 2018

Carga Horária: 96h.

Dias da Semana: Sextas-feiras (das 19h às 22h) e Sábados (das 8h às 17h)

Local do Curso: Rua: Galeno de Almeida, 148 - 3º andar

Mais informações: Acesse aqui!